segunda-feira, 9 de junho de 2014

Amor à distância no futebol: Botafogo.

Prometemos que o post seguinte não ia demorar muito, né? Mentimos, desculpa gente. Mas essa demora pode ser justificada, sabem como é vida de universitária? Então. E vida de universitária da UFRJ (Amanda) e do último ano de Psicologia (Vanessa)? Imaginem a loucura que foi esse fim de período. Enfim, quase um mês depois, cá estamos com a segunda rodada de relatos.
O segundo time a ter o relato de seus torcedores apaixonados aqui é o Botafogo (por motivos de: foi o segundo time que conseguimos receber todos os textos).
Desde já, agradecemos aos queridos que colaboraram e tiveram paciência para ver seus relatos aqui (desculpa a demora, gente). Mais uma vez, amamos conhecer um pouco mais sobre o amor de vocês pelo time de coração, mesmo sendo de tão longe.
Sem mais delongas, vamos aos relatos dos torcedores do Fogão!

Gabriel Belem, Toronto – Canadá.

 (Na foto, Gabriel e sua esposa)

"Meu nome e Gabriel, Moro em Toronto, e sou Botafoguense. Brinco que nasci Botafoguense, já que meu Bisavó era frequentador do clube na década de 30, meu avô e Pai são Botafoguenses doentes, e o meu primeiro presente ainda quando bebe foi uma camisa do Botafogo. Minha conexão com o Alvinegro começou em 1989, quando vi o Botafogo ser campeão pela primeira vez. Há uma história típica de Botafoguense nesse título. O jogo com o Flamengo vinha difícil, até que meu irmão na época com 4 anos acordou e veio para sala para se deitar ao lado da gente. Eis que o Botafogo imediatamente marcaria com Mauricio. Meu Pai como bom supersticioso, não mais deixou meu irmão sair da sala até o fim do jogo e o menino morrendo de sono não poderia voltar a cama. E deu certo!
Não poder ir ao estádio é bastante difícil morando tão longe. A principal dificuldade quando aqui cheguei era conseguir assistir os jogos. Como na época em que cheguei não tinha tanto acesso na internet acompanhava o jogo pura e simplesmente na base dos notícias dos portais de esporte. Era bem complicado. Hoje com a melhora na tecnologia posso ver todos os jogos do Botafogo pela internet.
 Morar longe não muda a paixão clubista. Moro longe mas vivo o Botafogo, acompanhando notícias sobre o clube quase que de hora em hora, vendo jogos, entrevistas e analises com frequência e converso com familiares e amigos diariamente sobre o Botafogo, então a grande ausência e a ida ao estádio.
Como aqui no Canadá o Futebol não é o principal esporte, não há como haver rivalidade clubista. Meus amigos próximos trocem para Arsenal, Benfica, Manchester enfim... são poucos que torcem para clubes Brasileiros, portanto não há rivalidade.
O Botafogo e um clube conhecido no Mundo todo, e falo isso porque tenho experiência nisso. Certa vez ia ao supermercado e resolvi usar a camisa do Botafogo. Não dei dois passos adentro, e um americano de longe começou a dizer... Butafooogo... Garrincha...Conversamos por 5 minutos e sua felicidade de falar do Botafogo foi impressionante, seu conhecimento e admiração chamaram muito a atenção.
Não tenho planos de voltar ao Brasil, mas gostaria muito de ao visitar o Rio voltar ao Maracanã e rever o Botafogo ao vivo no estádio.
Em relação a sonhos, confesso que ter o Botafogo na minha vida e um sonho realizado. O dia a dia alvinegro me traz alegrias e perspectivas. Se pudesse sonhar e escolher algo a realizar seria voltar ao Maracanã, coisa que não faço a pelo menos 20 anos."

Laís Mady, Manaus - Amazonas.

(Foto no Teatro Amazonas, um dos cartões postais da cidade de Manaus e arrisco a dizer que é um dos mais lindos do Mundo, construído durante o ciclo da borracha e inaugurado em 1896.)

"Ser Botafoguense é amar, acreditar, ter fé. Em uma das músicas que cantamos nos estádios, tem o seguinte verso “não escolho, fui escolhido”, nós somos assim, escolhidos, abençoados, por essa estrela solitária que carregamos no peito. Ser botafoguense e ser supersticioso é quase uma lei.
Lembro-me do Brasileirão de 2009, Botafogo precisava ganhar ou ganhar, na última rodada, foi o ano em que o Palmeiras decolou e ficou isolado na ponta por muito tempo e nas últimas rodadas foi perdendo posição. Ou seja, vitória para o Palmeiras era sinônimo de libertadores e vitória para o Botafogo permanecia na série A. Fiz promessa, assisti o jogo de joelhos. Existe explicação? Ser Botafoguense não tem definição, só quem vive essa paixão sabe o quanto somos fieis e leais a essa estrela que nos ilumina sempre.
A minha história se misturou com a do Botafogo logo que eu nasci, meu pai, apesar de ser turco, veio morar no Brasil muito jovem, ao chegar no Rio de Janeiro, se encantou pelo país, cidade e principalmente pelo Botafogo, assim que eu nasci, fui presenteada com correntinhas, roupas e ao longo da minha vida sempre foi assim, meu pai sempre fez questão de me incentivar a gostar de futebol, como ele sempre trabalha bastante, esse é o momento de ficarmos juntos. A paixão aumentou quando comecei a ir a jogos, é uma vibração e emoção sem igual, abraços de pessoas que você nunca viu na vida, choros de felicidade (alguns de tristeza também, confesso), mas acima de tudo, um amor sem igual. Conheci General Severiano, e percebi o quanto o Botafogo foi importante para a seleção brasileira, vários títulos, vários ídolos, uma viagem no tempo. Apesar de todo esse amor, é muito difícil morar longe do Rio e não poder ir aos jogos com frequência (moro em Manaus), recentemente estive na cidade maravilhosa e fui a estreia (e que estreia!!!!) do Emerson Sheik. Gritei bastante, sai do Maraca rouca, voz zerada e um empate com sabor de vitória.
Aqui em Manaus, atualmente o futebol não é valorizado, o Nacional já jogou a série A do Brasileirão, existe muita torcida para times de diferentes lugares do Brasil. Com a nova arena que foi construída para a copa do mundo, espero que os times também tenham algum incentivo/patrocínio para que o futebol volte a brilhar no estado do Amazonas.
Já fiz intercambio para Vancouver no Canada, -4h do horário de Brasília, acompanhar os jogos era meio difícil, mas sempre fazia um esforço, procurava um link (que são bem ruins) ou acompanhava por twitter com amigos e perfis destinado a informações do Glorioso.
Eu amo o Rio de Janeiro, é uma cidade fantástica, apesar de tudo que sempre é dito. Gosto de viajar para assistir jogos, mas não tenho a vontade de morar, tenho uma vida acadêmica e profissional muito vantajosa aqui, mas procuro sempre bons jogos para viajar e assistir.
O meu maior sonho com o Botafogo, é ver o time brilhar novamente, daquele jeito diferente, como era com Nilton Santos, Garrincha, Heleno e uma frase que o mesmo disse e ficou muito conhecida é: “O meu Botafogo não é lugar para covardes” é muito usada por nós, torcedores, que estamos cansados de gestões ruins, amadorismo e falhas ridículas de planejamento, o Botafogo não merece o que está sendo feito com ele, um time tão importante e de história rica. Quero meu Glorioso cada vez mais conquistando títulos.
E sim, o Botafogo tem torcida, uma torcida apaixonada. Uma torcida com uma estrela solitária no peito que sempre brilhará, não importa onde esteja, uma vez Botafoguense, sempre Botafoguense. Nós fomos escolhidos!"

Andrew Black, Wellington – Nova Zelândia.

 (Na foto, Andrew e Marina, sua namorada, em 2007)

Sou da Nova Zelândia, um pais onde rugbi e o esporte preferido. Temos só um clube profissional de futebol no pais!! Imagina isso pro um Brasileiro deve ser doido pensar que um pais como nosso não tem um campeonato profissional.
Tudo mudou pra mim quando eu fiz um intercambio no Brasil e estudei na PUC-RIO. Tinha torcedores do Fla e Vasco querendo eu escolher o time deles. Não queria ser torcedor do maior time, parece que todo estrangeiro vai pro Rio e volta torcedor do Flamengo. Eu morava em Copa perto da Vila Isabel então frequentava Rio Sul Shopping perto do General Severiano. Minha namorada e Flamenguista mas não tinha jeito eu escolhi Botafogo ou fui escolhido? Tinha o time de 2006 -2007 que me encantou com Dodo, Lucio Flavio e Jorge Henrique, também gostava muito do uniforme simples, alvinegro com uma estrela sem mais nada, perfeito.
Moro muito muito muito longe!! O fuso horário não é ideal pra eu assistir aos jogos. Normalmente começa as 7 horas de manhã numa segunda feira... ou durante a semana as 1400. Tá difícil mas as vezes eu consigo acompanhar um jogo, eu faço ou máximo pra conseguir, já fiquei "doente" pra assistir em casa algumas vezes.
Me sinto orgulhoso de ser parte de uma nação, de ter uma identidade maior com o povo brasileiro e Botafoguense. E muito bom conversar sobre nosso glorioso, eu adoro História e agora conheço muito bem Botafogo. Eu fiz uma palestra em 2010 pra Embaixada do Brasil aqui em Wellington sobre futebol brasileiro, ficou bom demais. Eu lembro Brasileiros não pelos nomes, mas pelos clubes com quem torcem.
Brasileiros ficam chocados quando eu falo qual e o meu time. Botafogo é um time de tradição mas que sofreu nos últimos anos. Botafogo ainda vai voltar ser como era antes, apesar das dificuldades estamos subindo cada ano.
Minha mulher e eu temos planos pra um dia voltar ao Brasil pra morar um pouco, quem sabe 2 ou 3 anos, claro eu adoraria morar perto do Engenhão pra poder acompanhar o time. Fui pra inauguração do Engenhão e outros jogos marcantes, aquele jogo que Ana Paula Oliveira garfou Botafogo contra Figueirense na Copa do Brasil, dos 14 jogos que eu tenho visto no estádio só perdi um contra Vasco.
Um sonho meu seria acompanhar um treino no General Severiano ou conhecer os jogadores, conversar com eles. Ver um jogo na libertadores (infelizmente não vai acontecer em 2014…) O túnel de tempo também seria bom visitar e a casarão com os troféus.
Enfim, Botafogo virou uma coisa muito importante na minha vida. Sinto as derrotas e festejo as vitorias. Sacaneio meus amigos e recebo a mesma coisa. E bom demais ser do Fogão!


Fox Mulder, Chile.

(foto no estádio Santa Laura do Santiago, tirada pelo repórter do Lancenet)

"Oi, sou um torcedor doente pelo Botafogo F.R., o incrível desta história é que não sou brasileiro, sou chileno, nasci no Rancagua, a 100 km ao sul da capital Santiago, joguei inclusive pelo O’higgins campeão chileno do futebol este ano, nas divisões da base, hoje em dia não torço pro time chileno algum, só sou fiel ao meu Fogão querido.
Foi como uma predestinação, eu conhecia o clube pelo relatos de meu pai do Garrincha, sempre ficou na minha lembrança. Um dia, me encontrei com o time completo no Chile no Valparaiso, o equipe fazia uma pré-temporada ali, confraternizei com os jogadores e tudo, anos depois foi pro o Rio de férias e sim conhecer nada da cidade cai de frente no General Severiano, a sede do clube, e compreendi que tinha que ser um chamado divino. Fui escolhido! Assim é com botafoguense mesmo.
Hoje, pela distância, sofro por não poder acompanhar ao vivo dos jogos, sofrer junto com a torcida, não poder concorrer ao templo do Engenhão numa procissão quase espiritual e sentir a emoção coletiva num gol.
Ainda por cima pro mim é complicado torcer por um clube brasileiro, primeiro porque pertenço a uma cultura diferente, a um país diferente é isso me faz sentir sozinho, não tenho com quem compartir e dar pitacos da contingência do clube.
Todo dia no meu trabalho, tem os colegas e meus alunos (sou professor) fazem caretas quando falo que minha paixão é um clube Brasileiro. Mais ainda na mina cidade que tem um clube tão popular. Mas eu caminho com orgulho nas ruas com minha camisa alvinegra.
Não vai acreditar, mas o torcedor chileno não é tão passional como o torcedor brasileiro, mas eu aprendi da loucura de ser botafoguense e não me envergonho de saltar ou gritar quando veio a meu time nos jogos da sul-americana ou na libertadores num restaurante. As pessoas pensam que sou estrangeiro, é uma loucura mesmo.
Chile é um país muito tranquilo, seguro, o Rio é violento, algo conturbado, não sei se poderia morar lá para estar perto do Botafogo, mas já pensei nisso, no Bairro Botafogo tive olhando apartamentos rs.  Vou quando posso ao Rio sim, de férias e aproveito para ver o meu Botafogo querido quando tem jogo. Mas sempre sinto saudades da estrela solitária.
Meu sonho é ser campeão Brasileiro, da Libertadores, do mundo…eu viajaria ao fim do mundo se o Botafogo chegasse a uma final. Este ano tive o privilégio de viajar ao Santiago desde minha cidade Rancagua, pro ver o jogo da Libertadores contra Union Española. A torcida brasileira que acompanhou o time não acreditava ver um chileno xingando o clube chileno no estádio e torcendo pelo Fogão. Isso não tem preço."


~FIM~

Com a questão da Copa chegando (UHUL!), vamos avaliar se postaremos a próxima rodada de relatos antes ou depois do mundial. Até porque queremos comentar um pouco sobre o mesmo aqui nesse recinto, né? Também somos filhas de Deus! rs
Então até a próxima, que não demorará tanto assim (dessa vez é de verdade!).

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